terça-feira, 6 de maio de 2008

O receio da Fome sobre as Asas do Progresso...




É, minha gente... A cada dia que passa o painel de alarmes do planeta Terra acende mais uma “luzinha”, nos informando que as coisas não vão bem. Eu habito esse planeta há quase 25 anos e acredito que tanto eu, como muitos bem antes de mim, já ouviam falar em uma afirmação do tipo “o Brasil é uma terra abençoada: Não tem furacão, nem terremoto e tudo o que planta, dá...”. Bem, o mito do furacão caiu por terra com o Catarina, em 2004, varrendo o Sul do Brasil com ventos de mais de 230km/h; o do terremoto ta quase virando realidade, como ficou evidente pelo tremores de 5,2 graus da semana retrasada; e o que se planta, pelo jeito, pode não estar dando mais pra todo mundo.

O alerta sobre uma possível escassez de alimento no mundo, acarretando aumento de preços e potencializando, por conseguinte, a fome, dado pela ONU semana passada, é apenas outro indício de que o mundo não está comportando mais tanta gente, pelo menos com os níveis de consumo e degradação atuais. Soma-se isto à escassez de água potável no mundo, ao aquecimento ambiental e ao esgotamento de diversos serviços naturais que a Mãe Natureza, em seu infinito esplendor, nos presta, para se ter uma dimensão do problema.

Nessa minha jornada até este momento, não imaginava chegar a conviver num contexto como esse. Claro, não sou nenhum ingênuo em pensar que a fome não possa chegar a patamares vergonhosos e humilhantes: Está aí a África, o maior exemplo mundial, para demonstrar. Aliás, pegar a África como exemplo é querer, como se diz no popular, "matar formiga com tiro de canhão". A verdade é que não é preciso nem atravessar o Atlântico para inferir o estrago causado. Basta olhar para a realidade deste seu país, tido por muitos como o “celeiro do mundo”, mas que não consegue por o pão à mesa de todos os seus próprios filhos...

Há um bom tempo atrás, existiu corajoso homem chamado Maltus que tentou explicar o fenômeno da fome no mundo com a teoria de que “a produção de alimentos cresce em progressão aritmética e a população em progressão geométrica”. Anos mais tarde, a economia tratou de rechaçá-lo, mas não o culpo. Afinal, ele não pode viver nos dias de hoje para reformular sua teoria, mas ainda assim nos ajudou a dissecar a verdadeira realidade: O problema no mundo não é a produção dos alimentos, mas sim a sua distribuição. Tal afirmação é tão verdadeira que hoje ninguém contesta a Obesidade como uma das principais “doenças do século”, cujos índices de incidência já deixaram para trás o tradicional e secular tabagismo. Gente engordando demais de um lado e de menos do outro é sinal de que é a distribuição de renda que dita pra onde a balança pende.


Só que a ONU, como um pai orgulhoso do filho que acaba de nascer, acabou se empolgando demais: Culpou os biocombustíveis pela falta de oferta de alimentos, por sua produção ocupar terras que poderiam ser agricultáveis para alimentação. Apesar da ONU não ter feito uma crítica direta ao Brasil, mas pelo fato deste despontar como uma grande ( se não, a maior ) potência do setor, poderíamos interpretar tal atitude como a tradicional “jogadinha de água no nosso feijão” ? Que culpa teria o Brasil, por exemplo, pelo aumento mundial do preço do arroz que ouvimos nos noticiários da semana passada? Alguém aqui viu desapropriarem terras destinadas ao cultivo do arroz no Brasil pra plantar cana? NÃO, mesmo porque as condições climáticas não possibilitam tal empreitada.


O Brasil possui a melhor tecnologia de produção de biocombustíveis do mundo, e com outro diferencial que ninguém tem: De forma sustentável. Se essa história era pra ter um culpado de “de peso”, ele tem três letras: EUA, que tem de agricultar uma área muito maior com a cultura do milho para fornecer o etanol que nós, com nossa cana Tupiniquim de altíssima produtividade, conseguimos por muito menos. Aliás, eis um possível ingrediente que fez com que a ONU exagerasse no tempero de sua afirmativa: Mais do que a enorme superioridade de países como o Brasil neste segmento, a incapacidade dos países do bloco europeu para oferecerem alguma concorrência de produto.


O caso do Brasil ainda é uma exceção: Apesar de plantarmos muita cana, conforme pude constatar no trecho da rodovia dos Bandeirantes entre Limeira e São José do Rio Pardo em uma viagem recente, ainda temos área disponível para o plantio de culturas para alimentação e também para criação de animais. Mas tudo tem um limite. Se a população continuar a crescer, e pior, optar pelo consumo desenfreado nos moldes do padrão americano, o “celeiro do mundo” poderá ser reduzido à “hortinha das elites“ , cujo valor será alvo de brigas e guerras jamais vistas.


DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ECONOMICO E AMBIENTAL SUSTENTÁVEL: A BANDEIRA PARA UM NOVO SÉCULO !



No meio de toda dificuldade, sempre existe uma oportunidade... - Albert Einstein

2 comentários:

Anônimo disse...

Tomemos vergonha na cara. Precisamos mudar o mundo e para tanto devemos começas por nós mesmos. Se nos dermos uma chance estaremos dando chance ao mundo...

Leandro, parabéns pela iniciativa.

Eng. José Mário.

Rodrigo Duarte disse...

A maior usina de biodiesel está sendo construida por uma empresa francesa, de atuação tanto no Brasil como nos EUA. Local escolhido pra usina? EUA... mesmo com crise, mesmo na merda, têm uma economia mais segura q a nossa... e o mercado mundial é controlado por lá... produzimos mais gasolina q consumimos... EUA importa boa parte de sua gasolina... onde a gasolina é mais barata? claro q é lá... enfim... essas asas do progresso, nesse país, nao lembram as asas de uma águia (pegou o trocadilho?), mas as de uma galinha, q as bate compulsivamente, sem levar a lugar nenhum...